sábado, 1 de outubro de 2016

O Lar das Crianças Peculiares , 2016.

Baseando-se no livro infanto-juvenil "O Orfanato da SrtaPeregrine para Crianças Peculiares" de Ransom Riggs, o diretor faz um trabalho envolvente e criativo, mais leve e menos ousado do que o de costume, mas que é capaz de surpreender e até quase aterrorizar o seu público alvo.



Miss Peregrine's Home for Peculiar Children (título original), o longa conta a história de um garoto de 16 anos que após a morte estranha do avó (Terence Stamp), segue seu conselho e vai ao encontro a srta. Peregrine (Eva Green). Só que, ao chegar, descobre que o local onde ela viveria é uma mansão em ruínas, que foi atingida por um míssil durante a Segunda Guerra Mundial. Ao investigar a área, Jake (Asa Butterfield) descobre que lá há uma fenda temporal, onde a srta. Peregrine vive e protege várias crianças dotadas de poderes especiais.



O design de produção e a direção de arte são impecáveis como Tim sabe fazer, com figurinos interessantes e cenários curiosos, o mesmo acontece com a cinematografia, apesar de escura por causa do efeito 3D, traz uma profundidade interessante. A fotografia, alegre e colorida, tem momentos específicos em paletas de cores mais frias que realçam a iluminação precisa em cenas noturnas. Os efeitos especiais estão bem empregados com auxilio dos efeitos visuais para a composição final e acabamento das cenas que envolvem neve, mar e chuva. O CGi é introduzido sem excessos, os monstros são convincentes e a animação (movimento) fica bem natural. Não temos uma avalanche de CGi, mas sempre que os efeitos entram em cena fica impossível não se encantar. Apenas o efeito em 3D deixa a desejar, exceto por uma cena fantástica que joga o expectador diretamente na trama, que foi uma ótima surpresa, fora isto, é dispensável. Um problema que muito me incomodou foi a montagem, de uma cena para outra há cortes bruscos, um desleixo da edição, talvez de cenas que foram deletadas e com isso mais problemas. Existem dois personagens que simplesmente desaparecem do filme.  




Dos personagens, as crianças com suas peculiaridades são convincentes e os atores tem boas interpretações, porém a falha fica a cargo do desenvolvimento desses personagens, limitados ao que vemos assim que somos apresentados a eles. O longa promete um momento especial que nunca chega, é certo que fica faltando algo. Não é porque as crianças peculiares poderiam ser facilmente comparadas aos X-Men, mas porque suas peculiaridades são criativas, há originalidade na maioria dos personagens e então me peguei querendo mais desse universo. A Sra. Peregrine é a encantadora Eva Green, ela não erra, sua personagem é protetora, enigmática, e tem um ar de loucura e perigo, a gente nunca sabe o que esperar dela, infelizmente aparece bem menos do que eu gostaria, dito pelo próprio Tim Burton que esta personagem seria uma "Mary Poppins estranha", eu achei que Mary Poppins ainda tem mais crédito por ter mais tempo em seu filme, eu queria mais Eva Green. Samuel L. Jackson está um vilão ameaçador que seria perfeito se não fosse o alivio cômico ao mesmo tempo (??), o problema deste vilão é o excesso de piadinhas, mas entendemos, é um filme para crianças, e as piadas não são assim tão ruins, elas servem na maior parte do tempo para suavizar o personagem e suas ações. Sua caracterização é fantástica e me surpreendeu. Já Asa Butterfield, o protagonista da aventura parece perdido, falta expressão, falta atuação, seu personagens deveria passar mais convicção com a série de relações mal resolvidas e as descobertas incríveis, mas ele não esboça sentimento, não tem nenhum carisma, é totalmente indiferente, todos os outros personagens são muito mais interessantes. Eu confesso que gostaria de ver uma versão para maiores deste longa.



Mesmo com alguns problemas, o longa é uma fantasia fantástica, é mais uma fábula de Burton, tem magia e novidade, é preciso ler nas entrelinhas, é claro que também traz algumas referências aos trabalhos anteriores, mas nada que atrapalhe o desenvolvimento deste trabalho que tem brilho e carisma. Funciona perfeitamente nos dois primeiros atos, torna-se um pouco enfadonho no terceiro até que se apresenta a ação. O desfecho é satisfatório. Sendo este filme baseado no primeiro livro de uma trilogia, ele se resolve muito bem. Eu estou na metade do livro, e não ouso fazer comparações, primeiro porque são mídias diferentes e vejo que o diretor, poderia sim, fazer um filme mais sério seguindo o clima mais pesado do livro, mas ele optou por fazer uma adaptação mais infantil. Não é o melhor trabalho do diretor, mas fazia tempo que eu não saia do cinema tão satisfeita com um trabalho do visionário Tim Burton.


Assista ao trailer:



O longa está em cartaz em todos os cinemas do Brasil. 
Veja os cartazes peculiares:






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