domingo, 16 de outubro de 2016

Inferno, 2016.

Um filme razoável baseado em um livro razoável. É assim que se define a terceira obra literária de Dan Brown adaptada para o cinema. É claro que teremos um público dividido entre os que leram o livro e gostarão do filme, e os que leram o livro e não aceitarão as modificações e licenças poéticas realizadas pelo roteirista e diretor do longa. Também teremos o público que não leu o livro, verá o filme, e será mais feliz.

Na sinopse, Robert Langdon (Tom Hanks) desperta em um hospital, com um ferimento na cabeça provocado por um tiro de raspão. Bastante grogue, ele é tratado por Sienna Brooks (Felicity Jones), uma médica que o conheceu quando ainda era criança. Langdon não se lembra de absolutamente nada que lhe aconteceu nas últimas 48 horas, nem mesmo o porquê de estar em Florença. Subitamente, ele é atacado por uma mulher misteriosa e, com a ajuda de Sienna, escapa do local. Ela o leva até sua casa, onde trata de seu ferimento. Lá Langdon percebe que em seu paletó está um frasco lacrado, que apenas pode ser aberto com sua impressão digital. Nele, há um estranho artefato que dá início a uma busca incessante através do universo de Dante Alighieri, autor de "A Divina Comédia", de forma a que possa entender não apenas o que lhe aconteceu, mas também o porquê de ser perseguido.

Tom Hanks está de volta na pele do simbologista mas carismático do cinema, ele está em forma e mais a vontade com seu personagem, é um Robert Langdon desorientado quando tudo começa e quanto mais o filme avança, mais eu estou convencida de que Hanks é Langdon de uma vez por todas. Felicity Jones tem seu personagem simplificado mais ainda assim, ela consegue dar vida com a ótima atuação. Omar Sy também marcar presença e mesmo seu personagem sendo muito vago sua atuação é forte, nada que vai marcar sua carreira, mas é convincente e acrescenta um certo mistério. A atriz dinamarquesa Sidse Babett Knudsen, é uma peça interessante do quebra-cabeça, mas também teve seu personagem reduzido e simplificado, no lugar de algo que poderia ter sido mais palpável para a trama, foi inserido um clima açucarado e a ótima atriz parecia não ter muito o que trabalhar. 
Uma curiosidade interessante para destacar, é que este elenco é composto por atores internacionais, assim como Sidse Babett Knudsen da Dinamarca, tem Omar Sy que é francês, Felicity Jones é inglesa, Irrfan Khan é indiano e Ben Foster norte-americano. 

As locações não ficam atrás, Istambul, Turquia e as duas cidades italianas, Veneza e Florença, são bem fotografadas e enriquecem a cinematografia clara e naturalmente hipnotizante, a direção acerta em movimentos panorâmicos de câmera alta, em bons enquadramentos abertos e médios, e planos longos também enaltecem as cenas externas e nos museus destacando apenas o que é necessário para os olhos do expectador. A trilha sonora de Hans Zimmer é sensacional como de costume, e um plano-sequência em Istambul (mesmo não agradando em seu desfecho hollywoodiano) somado a trilha sonora aumentam a nossa ansiedade e ao mesmo tempo nos enchem os olhos, por tamanha a competência do design de produção. E os efeitos visuais são muito eficientes.


Sobre a trama, o roteiro talvez seja o mais simples de todos, não sei se pela repetição da velha fórmula "decifra-me ou devoro-te", somado a correria contra o tempo para um desfecho que pareceu um tanto conservador para não causar polêmicas. O único diferencial está logo no início do filme (não darei spoilers), neste a ação começa cedo e só termina quando uma cena fora do contexto, é a introdução de um romance fora de hora, que flerta com o desejo de gritar "Que filme é esse agora?", sem propósito, parece apenas que serviu para jogar um balde de água fria na adrenalina que estava indo tão bem, em seguida a ação retorna, mas perdeu o pique. O enredo se perde em relação a narrativa, ao mesmo tempo que tudo está sendo bastante explicadinho, há pontas soltas que são preguiçosamente amarradas ao longo do filme trazendo reviravoltas previsíveis como justificativas. 

Veja o trailer:



Dos 3 filmes de Dan Brown adaptados para o cinema, esta é a trama que contém mais ação e Ron Haward sabe criar um clima tenso, por outro lado é a adaptação que mais se distancia da obra original, deixando de lado a discussão mais importante. Como roteiro adaptado é raso. Como obra cinematográfica isolada, é repetitivo, porém, um ótimo blockbuster.



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