domingo, 6 de março de 2016

Amantes Eternos (Only Lovers Left Alive, 2014)

Ah, finalmente um clássico de vampiros, com vampiros clássicos e cult. 
Já vou avisando, não é um filme para todos os gostos, é um filme extremamente inteligente, artístico e recheado de metáforas.



Adam e Eve são amantes eternos, porém moram separados em cidades e países diferentes, mas num contato recente Eve percebe que seu amante, Adam, está em profunda depressão e vai ao encontro dele. A história não tem muitos diálogos, a narrativa é lenta e chega a ser monótona, até a chegada da personagem Ava, que leva o filme para um rumo totalmente diferente do que se via antes, quebrando o clima tranquilo entre os amantes sempre que ela está em cena, tornando o filme ainda mais interessante.



A cinematografia é muito bonita, a casa do Adam por exemplo, é cheia de instrumentos musicais antigos e de séculos atrás, com muitos objetos também antigos, o aspecto retrô e as música melancólicas que o vampiro Adam nos apresenta é de extrema beleza artística e é muito bem explorada. Um longa para ser apreciado por sua sensibilidade e elegância. A iluminação amarelada das ruas nos dá a sensação de estarmos assistindo ao filme através dos olhos de um vampiro.

Com enquadramentos amplos, para obtermos o maior número de informação visual do que há em cena e jogos de câmeras ousados, com foco no casal central, o diretor faz esse longa entrar para uma lista de clássicos de vampiros como deve ser, o romance é verdadeiro e maduro, e não meloso ou piegas como temos visto ultimamente entre os sugadores de sangue nos cinemas. Nada de ação, suspense ou terror, apenas uma história de amor para mostrar.



E por falar em sugar sangue, este é outro assunto tratado de forma muito interessante. Vampiros a séculos vivendo entre pessoas comuns e vendo toda evolução da humanidade, eles tiveram que se adaptar as mudanças dos tempos e coletar sangue de forma discreta. O sangue chamado "puro" é como se fosse uma droga para eles, é administrado com muita cautela, em doses quase homeopáticas em tacinhas de licor.



Tilda Swinton e Tom Hiddleston tem uma química maravilhosa e hipnotiza o espectador, o entrosamento é natural e convincente, são personagens diferente em suas personalidades. Não só os dois estão incrivelmente encarnados em seus personagens, como Mia Wasikowska também chega totalmente entrosada e se encaixa perfeitamente tendo sua personalidade bem diferente da do casal, é uma especie de vampira adolescente. São grandes atuações.



O roteiro (quase inexistente!) é pequeno, básico e eficiente para o que o diretor propõe, para se ter uma ideia, os personagens passam a maior parte do tempo deitados ou sentados ouvindo música, sim, não acontece praticamente nada no filme. E ainda assim é muito bom. O diretor é o Jim Jarmusch, ele é tão sério em seus trabalhos que não permite que seus filmes seja dublados em nenhum cinema estrangeiro, exigindo o som original e legenda. Percebeu o nível intelectual deste trabalho?



A trilha sonora é encantadora e muito envolvente, dá o tom certo ao filme. Figurino retrô mistura estilos e épocas bem diferentes, a maquiagem é ótima mas o cabelo realmente me incomoda, será que depois de séculos vivendo por aí, vampiros não tem mais vontade de pentear os cabelos? 



Excelente filme, cinema arte, belíssimo no visual, com muito estilo. Sendo assim, é muito bom saber que o cinema ainda leva a sério os nossos amados e clássicos vampiros mesmo eles estando nos tempos modernos. Recomendo apenas para amantes do cinema clássico artístico, quem procura algo como Crepúsculo, Drácula - Untold ou A Rainha dos Condenados, passe longe deste.






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